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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Deu no Le Monde...

"Brasil se questiona sobre a anistia que abriu caminho para a democracia em 1979

Jean-Pierre Langellier
No Rio de Janeiro.


Os anos de chumbo (1964-1985), em que reinou a ditadura militar, estão sendo lembrados pelos brasileiros graças ao 30º aniversário de um acontecimento que anunciou o retorno progressivo da democracia: a votação, em agosto de 1979, da Lei da Anistia.
Esse texto, exigido por milhares de manifestantes, concedido pelo Exército e aprovado pelo Congresso, respondia a um "verdadeiro clamor nacional", segundo a expressão do atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, encarcerado durante um mês em 1980 com sete outros sindicalistas.
A lei, que deixou de fora os autores de agressões armadas, foi menos radical do que o desejado pelos opositores da ditadura, mas ainda assim estes a saudaram como uma grande vitória e uma etapa decisiva em direção à restauração de um regime civil. Os cerca de 50 prisioneiros políticos ainda detentos foram libertados aos poucos, e os milhares de exilados começaram a voltar.
"Memória dos perseguidos"
Trinta anos mais tarde, as vítimas da ditadura e suas famílias exercem sobre esse texto um julgamento bem mais severo, a ponto de pedir por sua revisão. Por uma importante razão: ao conceder a anistia àqueles que haviam cometido, entre 1961 e 1978, "crimes políticos e conexos", a lei beneficiou ao mesmo tempo perseguidores e perseguidos, prisioneiros e seus torturadores. Ela permitiu que estes últimos escapassem de julgamento.
A perspectiva de uma modificação da lei é objeto de polêmica nos círculos oficiais. Alguns ministros e magistrados a querem, outros não. O Exército, obviamente, se opõe ferozmente a ela. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ingressou com uma ação, solicitando em outubro de 2008 ao Supremo Tribunal Federal (STF) que decidisse se as violências exercidas por militares e policiais podiam ser anistiadas. Em março de 2009, a Associação dos Magistrados também pediu por uma nova interpretação do texto.
Antigo opositor da ditadura, como muitos dos membros do governo Lula, o ministro da Justiça, Tarso Genro, se manifestou no mesmo sentido: "Não estamos pedindo para que os torturadores sejam torturados. Estamos pedindo para que eles sejam julgados e que seus atos sejam expostos à sociedade brasileira". O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se opõe a esse "revanchismo". O STF, que terá a última palavra, está dividido.
Uma possível revisão da lei alimenta um debate jurídico onde alguns brandem a Constituição (1988) que consagrou a anistia, e outros, as convenções internacionais que declararam os atos de tortura como imprescritíveis. Na Argentina e no Chile, autores de crimes políticos cometidos sob as ditaduras foram julgados e condenados. No Brasil, os ex-torturadores acreditam ter "defendido sua pátria na guerra".
Nesse caso, o presidente brasileiro Lula mostra prudência. Ele diz que o importante não é "punir os militares", mas sim "resgatar a memória dos perseguidos". O governo abriu na internet um banco de dados sobre a repressão dos anos de chumbo. Ele tomou o cuidado de não incluir os arquivos secretos dos militares, que contêm informações sobre os 400 mortos e 160 desaparecidos, vítimas da ditadura.
Tradução: Lana Lim"
Revanchismo...
Essa é a palavra que o mea-digníssimo Ministro da Defesa, Nelson Jobim, utiliza...
Se a moda pegar, toda vez que o Estado, pelas suas forças militares, "errar" contra um civil, a Justiça poderá usar-se deste preceito filosófico-assassino para dizer: "ok, prendemos aquele e matamos aquele outro por engano, pareciam culpados, foi mal... E nada de julgar o Estado e seus membros que, em nome dele, agiram, pois não podemos incentivar revanchismos"...
Ainda vou falar mais sobre esse assunto.
Venham Todos!
Venham Todas!
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira

2 comentários:

  1. ...Thábyta Nascimento...27 agosto, 2009

    Espaço rico! Criativo e informativo!
    30 anos amanha! Poucos lembram desta data, e desses a grande maioria a recordam pois tiveram alguma ligação direta ou indireta com os acontecimentos que permearam o brasil durante a ditadura.
    Saber que lei da anistia também beneficiou alguns dos monstros daquela época é o que me deixa triste, porém por outro lado, o que me conforta é que tantos outros inocentes, que apenas lutavam por seus direitos foram beneficiados...
    É bom poder contar com este espaço para deixar vivo na memória a história do nosso país... e poder lembrar que foram também os jovens que contribuiram para essa consquita, um tanto quanto contraditória, porém uma conquista!!!

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  2. Obrigado pela visita, Tábita...
    Ainda temos muito o que caminhar para reavivar a história de um povo como o nosso. Que bom que estás nesta batalha conosco.
    Abreijos
    Marcelo

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Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira