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terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Elefantes, cães e pessoas...

“Quem olha pra mim / me vê feliz /
não sabe o que é duvidar /
viver de amor até o fim /
não quero mais chorar”

(“Viver de amor” – Toninho Horta e Ronaldo Bastos)


Revista Carta Capital, nº 510, página 50... A coluna estilo fala de Jenny, uma elefanta de 32 anos da família Proboscidea, agonizando em depressão desde que seu companheiro faleceu após uma parada cardíaca. Acrescenta-se o fato de ser uma elefanta retirada de seu habitat na África, embarcada em navio (quase) negreiro (como eram transportados escravos do mesmo continente às Américas) e que viveu anos de abusos e maus tratos em um circo americano.
Kaia, Hércules e Janis Joplin... três cães, todos mestiços, que convivem comigo há cerca de dois/três anos. Quem tem cães sabe o quanto são fiéis, o quanto confiam em você (dono). É verdade que existem cães que “dominam” seus donos, mas isso é próprio da relação estabelecida e, principalmente, compreendida entre ambos.
Stella Maris... pense numa mulher que faz um homem mostrar como preguiça e amor são coisas comuns e inseparáveis... Dorival não agüentou a distância de sua companheira de uma vida toda e também partiu. Dias depois, veio buscá-la, pois onde estava (mesmo com Tom, Elis, Vinicius e uma tuia de gente boa), sentia falta de alguém especial ao seu lado, mesmo que para aproveitar melhor os seus re-encontros celestiais.
Essas três histórias (uma de meu próprio cotidiano, pois são meus cães) vieram recentemente bater meu coração e minha’lma, quase que ao mesmo tempo. Uma bela mensagem de uma pessoa querida, uma matéria de uma revista semanal, lida ao lado de Kaia, Hárcules e Janis, que me faziam companhia. E, deste momento até hoje, fiquei pensando sobre o que é que existe de comum entre estas histórias.
Três histórias diferentes, bem diferentes, uma da outra, pois envolvem elefantes, cães e poetas/músicos. Mas todas elas marcam algo que, parece, vai se perdendo cada vez mais em nossos tempos pós-modernos: história. História? Sim, história... Não há amor sem história, não há cumplicidade sem história... Nem solidariedade, nem esperança, nem companheirismo, nem verdade, nem humildade, quanto mais luta, verdade (essa é revolucionária)...
É interessante pensar sob este prisma, considerando que esta, a história, já teve em tempos recentes, o seu fim decretado, o fim da história (de jeito nenhum), o fim de homens e mulheres construírem e lutarem por idéias comuns de homem, mundo e sociedade... e animais. É verdade que os animais não olham para a história, não vêem o amanhã e, penso, não sabem que irão morrer.
Hum... talvez!
Jenny está certamente em depressão, seu parceiro partiu, ela o viu caindo fulminante ao seu lado e, possivelmente, o viu sendo retirado, levado para longe, um longe que ela não sabe onde é. Ela talvez “aguarda” o seu retorno, assim como aquele cãozinho que, vendo seu parceiro caído no meio da rua, desfalecido, ficou do seu lado, impedindo que homens e automóveis o atingisse, até que ele, seu parceiro, pudesse levantar e seguirem, juntos, suas aventuras a latas de lixo e “cinemas de padarias”. É... talvez, que não saibam que irão morrer, mas percebem que partiu seu parceiro, sua parceira e, da mesma maneira que homens e mulheres que amam, não estão dispostos a deixá-los.
E é assim, acho, que vejo o amor. Sem deixar de pensar em elefantes, cães e poetas e poetizas, músicos e instrumentalistas, cantores e atores...

Vida Longa ao amor...!
Vida Longa...!

Venham todos! Venham todas!

Marcelo “Russo” Ferreira

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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira