RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O Universal Circo Crítico... Círculo Operário do Cruzeiro...



“Ao sair do caroço do tucumã/
a noite criou os boêmios/
poetas e loucos/
que navegam nos rios da amizade/
a cultivar histórias e fantasias/
que adormecem com a aurora”
(Éder Jastes)



De repente, mas não tão de repente assim, chega a sexta-feira. Pelo mundo afora, no seu sentido cotidiano de trabalho “bancário”, é o dia em que nos preparamos para o fim-de-semana. Da sexta para o sábado, aquela sensação de “liberdade”, afinal, no dia seguinte é sábado.

Já vi muito de sábados serem aqueles dias em que tentamos dar conta daquilo que não tínhamos condição de dar durante a semana: tarefas domésticas, feira, comprar roupa para as crianças, banho no cachorro, deixar o terno para lavar na lavanderia, arrumar o carro ou a bicicleta (sua ou do filho), preparar o almoço, lavar louça, estudar... No final do sábado, lembramos que ainda podemos dormir tranqüilos, pois o dia seguinte é domingo e, ainda, dá para dormir um pouco mais e esticar a preguiça.
Já falei do domingo em outras oportunidades e, quanto mais perto chegamos da hora do Fantástico, mais caímos naquela sensação de que “vai começar tudo de novo” e assim seguimos a vida, anos a fio.
Mas, e se começássemos a sexta-feira diferente? Se a sexta-feira fosse não apenas uma “hora feliz”? Se a sexta-feira fosse um constante encontro com nossas raízes, não importa onde elas estejam? Se fosse um encontro certo, quase marcado (mas sem rotina) com a poesia popular? Se fosse um encontro em que o trago nosso de cada dia – “(...) que a gente vai levando de teimoso e de pirraça / E a gente vai tomando, que também sem a cachaça ninguém segura esse rojão” – fosse algo quase que religioso, ritualístico? Se fosse um encontro em que cada abraço, cada aperto de mão, cada beijão, cada “E aí, velho?”, “Olá, meu amor!” fosse dito do fundo do coração, que até chega a bater mais rápido? Que um chamar p’ra dançar seja um chamar p’ra dançar, que um cantar mais alto seja uma vontade louca de cantar mais alto?
Um lugar em que a sexta-feira nos fosse brindada com Raul Seixas, Zeca Baleiro, Ednardo, Amelinha, Caetano, Gil, Baianos e os Novos Caetanos... Que a gente pudesse cantar “eu quero é botar, meu bloco na rua!” com a mesma energia e alegria com que cantamos “eu tava triste, tristinho!”...
Um lugar que, também, fosse a síntese e a expressão de luta dos trabalhadores. Em que auto-organização e trabalho coletivo tem não apenas sentido e significado, mas concretude e emoção. E que, além disso tudo, fosse espaço de alfabetização de jovens a adultos, democratização da informática, serigrafia e artesanato, Biblioteca Comunitária e, tudo o que eu falei até agora, de Sextas Populares!
Eis o Círculo Operário do Cruzeiro, um tempo e espaço, um gentes e pessoas, um música e poesia que me acompanhou durante quatro, dos meus cinco anos em Brasília. Espaço que levei muitos amigos a conhecerem e, unanimemente, se encantaram com tudo o que acontece lá dentro. Um lugar do qual saímos, ao final de cada visita de suas Sextas Populares, e voltamos para nossas casas rejuvenescidos. Pense... Sairmos à noite, para dançar, cantar, beber (sim...), comer, namorar, abraçar pessoas, rir, chorarmos, conversarmos e, principalmente, voltar inteiros, com nossos corações repletos de energia e, ao mesmo tempo, de saudade, não vendo a hora de nos encontrarmos novamente.
Há muito tempo devo essa homenagem: celebrar um espaço de profunda humanização cultural em pleno Planalto Central. Existem outros, com certeza. Desde espaços abertos, até as casas de nossos amigos. Mas esse foi o tempo-espaço que me fez bem, que me fez voltar ao violão e encarar o desafio de experimentar o baixo. Que me fez feliz...

Vida Longa às Sextas-Populares!
Vida Longa ao Círculo Operário do Cruzeiro!
Vida Longa...!

Venham todos... venham todos...


P.S.: Para você que está em Brasília, o Círculo Operário do Cruzeiro funciona sempre nas segundas sextas-feiras de cada mês. E, neste próximo dia 12, estaremos lá novamente, curtindo Sérgio Pereira... Entrada/couvert artístico a R$ 3,00!!!! Nos vemos lá...

3 comentários:

  1. Benz'óh deus!!! Que bom reviver toda a deliciosidade poética dos encontros nas Sextas Populares. VIVI cada emoção que bem descrevestes agora... a saudade chegar rodopiou em meu coração latifúndio! Obrigado, camarada Russo, por me fazer reviver nossos encontros no Círculo Operário!

    Bjo, camarada!

    Vavá - cá dos sertões da Bahia.

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  2. Querido guerreiro, artista, músico, compositor...
    Tanto quanto a alegria de ver tuas palavras, é ter não apenas convivido anos neste magnífico espaço de vida e arte, mas, também, conhecido pessoas tão especiais quanto você.

    Nos encontremos sempre pelas paradas das Sextas Populares, ou do Universal Circo Crítico.

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  3. Uma descrição sem exageros, verdadeira do que cada sexta popular nos proporcionava ao juntar a nós todos e transformar em expressões (a cada encontro mais grandiosas) os beijos, abraços e bate-papos, regados a uma dose, uma música, uma poesia... Vida longa a essa bela vivência!

    Cheiros, Russo

    Dadá

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
Ah! Não se esqueça de assinar, ok?
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira