RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Era 13 de dezembro...



“[...] todos os grandes fatos
 e todos os grandes personagens
 da história mundial são encenados,
 por assim dizer, duas vezes [...]:
 a primeira como tragédia,
 a segunda como farsa”
 (Karl Marx)



Era o ano de 1968...
Fechados em seu gabinete, o Presidente-General Costa e Silva e seus ministros mais próximos...Um “Conselho” de 24 ministros e o vice-presidente reunido para apreciar o texto construído pelo então Ministro da Justiça, um senhor de nome Luís Antônio da Gama e Silva. Apenas o então vice-presidente Pedro Aleixo votou contra... não por postura democrática, claro.
Todos os direitos políticos foram cassados naquele dia. Até o Supremo Tribunal Federal sentiu a força daquele Ato.
O Ato Institucional numero 5, também conhecido como AI-5. O Ato que não ficou nele mesmo.
Eram 24 sujeitos... homens... brancos... patriarcados... possivelmente todos católicos... E decidiram pelo país inteiro.
Não eram pessoas eleitas pelo povo...
Mas, politicamente, decidiram pelo país inteiro... e decidiram pelo rumo da violência institucionalizada em um Decreto, em um Ato Institucional...
Talvez 1968 a história se escrevia, pelos seus personagens, como tragédia... Talvez a tragédia tivesse se transformado em farsa nos atos de 2015 e 2016...

– Aqueles atos, tipo, “Contra a Corrupção”, Russo? (Strovézio).
– Aqueles mesmos, meu nobre palhaço...
– Sei... hummm... tá, então... continua aí, Russo...

Pois bom...
Se é, então, verdade, que 1968 foi a tragédia e 2015 e 2016 a tragédia se transformou em farsa com as ruas, verde e amarela, ocupadas por faixas de “Volta a Ditadura”...
... o dia 13 de dezembro de 2016 se repete como?



Tal como os anos de chumbo...


Arriscaria dizer, com a humildade que cabe a este picadeiro de terra batida e lona furada de circo, que 13 de dezembro de 2016 no Brasil se repete como barbárie, haja visto que nem o rastro de tragédia e farsa impedem que seus personagens de hoje durmam tranquilos com o que estão a fazer.
Como diria Marx sobre Napoleão Bonaparte em “O 18 de Brumário”, pelo parlamento, pelo governo (e seus vários “governos”) e pela Justiça brasileira, só me cabe o desprezo. E isso não é suficiente.
Mas, cabe também, nestes tempos de indignação, a esperança...


Mesmo que esta esperança seja atacada por bombas de efeito moral, balas de borracha, spray de pimenta e jatos d’água...
Mesmo que a esperança veja apontada em sua direção até mesmo armas letais...
Mesmo que a esperança seja imobilizada, enforcada, surrada, algemada e presa...
A esperança está sempre viva dentro de nós...
E a esperança, hoje, está nos olhos da juventude, que ocupa Escolas, Universidades, Institutos... Que ocupa Câmaras e Assembleias Legislativas... Que ocupa as ruas.
Em 1968, o AI–5! Este durou 10 longos anos...
Em 2016, a PEC–55!
E ainda temos muito contra o que lutar...
A Esperança, portanto, nunca (forma de dizer) foi tão necessária.
Mas há algo de curioso neste 13 de dezembro.
Segundo os católicos, é dia de Santa Luzia (ou Santa Lúcia), a padroeira dos oftalmologistas (os cristãos católicos, claro) e daqueles que tem problemas de visão.
Para os primeiros, algo como “Santa Luzia, guie o trabalho dos oftalmologistas, para que possam curar ou amenizar aquele/as que tem problemas de visão”.
Para os segundos, algo como “Santa Luzia, guie os caminhos destes que tem problemas de visão”.
Seria interessante que estes, os católicos, colocassem a pauta dos caminhos obscuros que este país (e o mundo) vem tomando em suas andanças.
Ou não...

Venham Todos!
Venham Todas!

Material para ato político-cultural, organizado pelos alunos e alunas da UFPA/Castanhal



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