“Que a Universidade passe a se pintar
de preto, de povo, de operário, de camponês”
(Ernesto Che Guevara
Em
meus Discursos de Formatura,, desde 2008 (quando cheguei à Universidade Federal
do Pará), sempre venho batendo em uma idéia, em um conceito de Universidade.
A
epígrafe de Ernesto Che Guevara é uma referência, a qual completava em suas
palavras que ela, a Universidade, precisava abrir as portas aos párias
(segregados por razões raciais ou econômicas de toda ordem), do Projeto de
Universidade Pública (e Histórico de Sociedade) que nossa humilde lona de circo
acredita.
Mais
ainda, colocávamos, em nossos Discursos, que a Universidade também precisava se
pintar de trabalhador, de índio, de mulher e, assim, responder aos verdadeiros
anseios à qual uma Universidade, principalmente a Pública, deve responder. Não
estar à disposição das demandas do capital (travestido de mercado de trabalho),
mas às reais demandas da sociedade.
E
é com essa certeza que atuamos em nossa docência, em nossas pesquisas, em
nossas ações de toda ordem junto a este espaço: a Universidade Pública
brasileira pertence ao povo brasileiro, principalmente sua parcela mais desvalida
econômica e socialmente. O/A preto/a, o povo, o/a operário/a, o/a camponês/a,
o/a trabalhador/a, o/a índio/a, o/a quilombola/a, o/a pescador/a, o/a
carroceiro/a, o/a favelado/a, o preto-velho, a mulher... Não pertence ao
latifundiário, ao banqueiro, ao mega-investidor, ao especulador, ainda que
estes usem de todas as artimanhas (projetos sociais, bancos de pesquisa, bolsas
de estudos etc.) para lá estarem.
Assim,
neste espaço de disputa entre o Trabalho e o Capital dentro da Universidade
Pública brasileira, nos deparamos, volta e meia, com os mais impressionantes
descalabros jurídicos, sociais, acadêmicos que possamos imaginar. E basta um
“passeio” na literatura científica dos últimos anos para percebermos que ela, a
literatura, sempre produz (com ares de ciência) estes descalabros. Assim o é
sobre os temas que envolvem a Educação do Campo, sobre a profunda e radical
democratização do Esporte enquanto conteúdo historicamente construído, sobre o
não pertencimento de qualquer conhecimento à qualquer área etc., mas sempre
encontramos produções defendendo cientificamente que não são possíveis sobre
qualquer ótica científica. Elas sempre retomam.
Por
estes tempos recentes, algo que mais uma vez mostra o quanto o Capital e seus
defensores são capazes de atuar em defesa de seu Projeto Histórico
(Capitalista, burguês, opressor e de produção da miséria): uma Pesquisa
construída como Dissertação de Mestrado, na área de Geografia, na Universidade
Federal do Pará é questionada judicialmente. Seu autor, o Professor Enéias
Barbosa Guedes, está sendo processado pela família Abufaiad (latifundiária da
região do Marajó) e pelos latifundiários da região por conta da produção
acadêmica do referido Professor.
A
Autonomia da Universidade Brasileira, assim, está sob (de novo) ameaça. E a
Universidade Brasileira (já dissemos, em particular, a Universidade Pública)
volta a ser colocada no banco dos réus do Capital, do Latifundiário, da
Agroindústria, dos Poderosos e da Elite de nosso país justamente em algo que
lhe é valoroso: a liberdade e autonomia acadêmica e científica...
Nunca
é demais lembrar: são estes mesmos setores, estes púrias de nossa sociedade,
que defendem a tal liberdade de imprensa.
O
Universal Circo Crítico aqui manifesta não apenas seu repúdio à família Alfaiad,
mas, e principalmente, seu apoio e solidariedade ao Professor Enéias Guedes. E
nesta manifestação, nossa posição em defesa da Universidade Pública
brasileira... Precisamos pintá-la de preto/a, de povo, de operário/a, de
camponês/a, de trabalhador/a, de índio/a, de quilombola/a, de pescador/a, de
carroceiro/a, de favelado/a, de mulher, nunca é por demais repetir. E que esta
Universidade e a Justiça Brasileira possa, um dia, assinar o atestado de óbito
do latifúndio...
Ainda
dá tempo...!
Apresentamos
o link do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário (SINPAF) para conhecimento.
Venham Todos!
Venham
Todas!
Vida
Longa!
Marcelo “Russo” Ferreira
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Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira