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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Universal Circo Crítico... embaixadores...





“Podemos bater qualquer um, /
até mesmo a equipe mais forte”
(Canção do Challima Glorioso
Seleção da Coréia/1966)





          Qual é a nossa canção?
          Essa foi a primeira pergunta que eu me fiz quando assisti a um documentário sobre a participação da Seleção da Coréia do Norte na Copa de 1966.
          Contexto geral: A Coréia do Sul (capitalista) e a Coréia do Norte (Comunista) entram em conflito, logo após a II Grande Guerra. EUA e Reino Unido apóiam a Coréia do Sul, enquanto que China e a antiga URSS (União Soviética) apóiam a Coréia do Norte. Ambos os apoios, claro, são, também, bélicos.
          Essa guerra durou pouco mais de três anos (de 1950 à 1953) e o resultado dela, além de cerca de 3,5 milhões de pessoas mortas, resulta no que conhecemos hoje, que é a permanência da divisão entre os dois países.
          Anos depois, em 1966, a Coréia do Norte classifica-se para a copa da Inglaterra. O Reino Unido, inicialmente não quer receber aquele país, justamente por ter ficado do outro lado do conflito bélico e, recebendo a delegação futebolística norte-coreana significaria, aos olhos da coroa, reconhecer o país comunista, algo que o Império Britânico não estava muito disposto. A FIFA conseguiu reverter.
          Posteriormente, a realeza britânica não queria permitir que a Bandeira da Coréia do Norte fosse hasteada em qualquer lugar do País, seja no hotel onde a seleção estivesse hospedada, seja na abertura da Copa, seja durante o torneio (hasteada nos estádios)... Novamente a organização da Copa conseguiu reverter. Não queria deixar de ter “a beleza das bandeiras tremulando, enfeitando o país e enaltecendo a Copa”.
          Então, a cartada final da Coroa: os hinos não seriam tocados no início das partidas. Apenas na abertura da competição (onde jogariam a Inglaterra e o Uruguai, que teve o placar de 0X0) e na final, pois acreditavam que a estreante Coréia do Norte não chegaria tão longe.
          O desconhecido time norte-coreano esteve no grupo da União Soviética, Itália e Chile e desde o primeiro jogo, independente das vontades da Realeza Britânica, conquistou a pequena cidade de Middlesbrough e sua população que, durante seus jogos, uníssonamente gritava palavras de força e incentivo à sua seleção. A elite britância, que colocou inúmeros obstáculos à participação do estreante país na copa de 1966, levou o susto necessário de ver a estratégia de não tocar o hino daquele país ser ameaçada quando seus atletas derrotaram a seleção da Itália, eliminando-a da competição. Os jovens atletas norte-coreanos seguriram para as quartas-de-final e enfrentariam Portugal. Perderam, mas não decepcionaram e voltaram ao seus país de cabeça erguida... Foram, para seu país e para seu povo, os embaixadores da Coréia do Norte. Talvez mais do que isso, como diria naqueles dias Li Chan Myong, então goleiro da seleção:
          “Quando eu jogo futebol, eu sou o goleiro. Como o exército que guarda a segurança do seu país, eu guardo todo o meu povo”
          Hoje, assistindo aos preparativos da partida entre o Brasil e a Coréia do Norte (que jogo chato!), notícias de que o presidente deste país não autorizou (ou não autorizaria) seu país a assistir ao jogo. Dependeria do “humor” dele. Égua como nossa imprensa é imbecil. Imbecil porque não apenas seu presidente Kim Jong-il mas os atletas daquela seleção de 1966, recebeu o atual selecionado norte-coreano antes de embarcarem à África do Sul. Seguindo a atitude do Grande Líder da época (Kim Il-sung), foram estimulados a representar seu país e seu povo, ganhando palavras de incentivo dos atletas de 1966.
          Não vi a canção de nossa seleção, a canção que diz de seus atletas, de seu povo, de suas conquistas... Vi, incontestavelmente, uma infinidade de marcas que, juntamente com à também privada marca da Seleção Brasileira (a CBF, à bem da verdade, é uma entidade esportiva privada), dizem quem é que está à frente dos interesses de nosso futebol. Uma dúzia de interesses.
          Mas, não escutei a canção de nossa seleção, de nossos atletas, de nosso povo...
          Se vou torcer pelo Brasil? Sim, vou, porque sempre torci. Mas, sempre torci pelas seleções mais fracas, também e, algumas vezes, também comemorei...
          Que pelo menos possamos escutar essa lição de nossos... companheiros do jogo, o outro time. Sem o outro time, nós não jogaríamos.

          Venham todos!
          Venham todas!

          Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

P.S.: É importante lembrar que em 1966 os países africanos se negaram a participar daquela competição, pois só havia uma vaga e que teria que se disputada com o campeão asiático. Que bom que pelo menos isso, hoje, é diferente.
P.S.2: a foto foi conseguida em: http://esportes.terra.com.br/futebol/copa/2010/noticias/0,,OI4495012-EI15722,00.html#tarticle

2 comentários:

  1. essa é uma bela história.
    legal saber que tens um blog!

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  2. Valeu a visita, Douglas...
    Estamos sempre por aqui.
    Abraços
    Há braços!

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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira