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VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

domingo, 22 de março de 2009

O Universal Circo Crítico... Asas de papel...

Era o ano de 1997.
Eu já estava formado, morava em pensão no bairro do Hipódromo, em Recife e já trabalhava no Fantástico Projeto Nossa Escola, como professor de Educação Física. Tinha, naquela época, uma frente de trabalho sempre intensa (e pouco dinheiro): Universidade – como professor convidado em uma disciplina do curso de Educação Física – as minhas primeiras e mais concretas aproximações com o MST, muitos estudos (preparando-me para a seleção de mestrado – não rolou...), meu segundo Estágio de Vivência em Assentamentos, enfim, não somente aquele, mas aqueles anos foram interessantes: pouco dinheiro (algumas vezes, nada) e muita “vida nesta coisa”.
Era um período em que eu escrevia muitas, muitas cartas: Eram cartas para São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Piauí... acho que o Brasil inteiro. Não saia caro, pois já conhecia o procedimento de “carta social” dos correios.
Uma destas cartas que iam e vinham se transformou em música. Lembro o quanto curti escrever aquela letra. Na verdade, assim que recebi a carta da Mariana, vi a letra, senti a batida da música, ouvi a melodia no meio daquelas linhas. A carta (como todas as cartas desta amiga de longe, mas que nunca mais soube notícias) tenho até hoje, assim como a letra nunca se perdeu. Não era uma relação de amor, mas uma bela relação de amizade que via um amor nesta relação, aquela que dedicamos a nossos amigos e amigas do coração.
E, na letra, está o que ela escreveu, assim como a minha resposta.
Apresento “Asas de Papel”:

“O.k.! Começamos... / Será que temos que pensar / em não começarmos? / O.k.! Já fizemos... / Será que temos que pensar / em não sairmos na rua, na chuva? / Podemos nos molhar / e lavar o mundo / Podemos só olhar pela janela / E os dez minutos que perdemos / na tarde de sexta-feira / Não voamos, mas viajamos / e nossos pensamentos / não foram a lugares racionais / Enfraqueceram-se os limites / Quais limites?
A meta que vivemos / Não sei quais são os dez, / os dez que nos separam / P’ra onde nós miramos? / Se o amor que cultivamos / vai muito mais além de nós... / ... silêncio!
O.k.! Viajamos... / E o afã que já vivi outrora / faz-se agora no ‘som-litário’ da minha voz / Eu sei que não nos vemos, / mas em asas de papel / voam nossas notícias / Perdi meus documentos / Mas, e daí? / Não sou um número, / pois vivo minha história / Por aí, até lamento / Mas, não me acostumo / Eu resisto, pois queremos mudar... / Pois não?
Será que mudaremos para um outro Mundo? / E o que aprenderemos p’ra esse Mundo?
Agora eu vou p’ra escola / levar minha lição de casa que meu professor passou...”.


Venham Todos! Venham Todas!
Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira

3 comentários:

  1. Que lindo! Essa música me remete muito ao que vivo um pouco agora. Companheir@s e grandes amig@s que estão tão longe e tão pertinho, no coração bem guardados. Cartas sempre serão cartas, email é frio, apesar de ajudar muito. Mas não tem nada melhor do que lê a letra de alguém num pedaço de papel tão cheio de sentimentos né?
    Enfim. Quero ouvi-la qualquer dia!
    beijos enormes!
    Saudades de tu Flôr!

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  2. Pois é, Marcelo
    a gente sempre "inventa" um jeito de ser gente, de demonstrar, amor, paixão, amizade, nossa humanidade... Bom que temos hoje a net, os blogs, as redes sociais de relacionamento, etc.
    Mas vamos combinar - tu "matou" neguinho com essa música e essas lembraças, inclusive eu: pouco ou nenhum dinheiro, muitos sonhos, muitas músicas, muita paixão pela vida... Ao ler esse post viajei nas minhas (nossas?) lembranças de como é bom ter nada e ter tudo, ter mais e ter pouco! Lembro das melodias que traçei com pessoas que estavam comigo em Recife - mais ou menos na mesma época em que você estava - morro de saudade! Mas uma saudade satisfeita, vivida, aproveitada! Isso é bom!
    Beijão
    Além de você, seu blog é fofo!

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  3. Marcelo
    Quando visito este espaço consigo me recompor, as dimensoes humanas que vivem em mim se renovam me mostrando que precisamos sentir, viver, experimentar mais a vida. As suas palavras me colocam em sensaçoes que as vezes ou quase sempre por causa do corre corre diario esqueço. Obrigada por compartilhar os papeis de sua vida. Abrejos uma aprendizagem que ja incorporei,(risos...)sempre coloco que foi como voce que aprendi a dizer e viver abreijos... REnata

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O Universal Circo Crítico abre seu picadeiro e agradece tê-lo/a em nosso público.
Espero que aprecie o espetáculo, livre, popular, revolucionário, brincante...! E grato fico pelo seu comentário...
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Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira