Ainda no ArcaMundo, havia iniciado o exercício mensal de, sempre no segundo domingo de cada mês, apresentar minhas viagens musicais. Minha primeira experiência foi apresentar uma de minhas canções preferidas, “O Menino e o Palhaço”, música que viaja por ritmos, “solfejos” e melodias diferentes, que resgata o olhar acerca do que a barbárie capitalista estabelece sobre aquilo que ainda insistimos em chamar de “exploração do trabalho infantil” – e que, a bem da verdade, trata-se de crime – e a resgatar melodicamente meu personagem preferido, o palhaço.
É uma música que tem um particular: foi, posteriormente, construída quase que como uma trilogia, daquelas que vez em quando me (nos) leva a pequenas viagens sobre aquilo que gostaria(mos) de fazer com elas: gravar um CD em que a trilogia estivesse presente, com mais algumas outras viagens musicais, como as que já apresentei por aqui. O nome do CD? O Universal Circo Crítico.
Hoje, apresentarei o primeiro passo da seqüência de “O Menino e o Palhaço”. Ainda em Recife, nesta época, eu dava aulas de Educação Física numa pequena escola (o saudoso Projeto Nossa Escola) e, na época em que a compus, apresentei-a a uma amiga – Jailma – da Universidade que, também, era mãe de uma de minhas alunas da alfabetização e ela me presenteou com duas pequenas leituras: um pequeno desenho e um poema, que ela batizou de “O Segredo das Estrelas”.
Ao voltar para casa, naquele mesmo dia, mais uma vez acomodei o violão no colo e comecei a dedilhar a melodia final de “O Menino e o Palhaço” sobre aquele poema, musicando-o, como num verso de refrão, fazendo quase que uma conversa sobre as duas expressões construídas.
Os versos em negrito, abaixo, são das belas palavras de Jailma.
Apresento, “O Palhaço e as Estrelas”.
“Algumas vezes, os olhos não enxergam as estrelas / Quando elas brilham, não sei se brilham os seus olhos. / Como poderemos conhecer, assim, seus segredos? / Não conheço seus brinquedos. / Como brincam, se não têm tempo para brincar? / O chão longínquo do céu, seus sonhos perdidos ao léu. / Tão real...
‘Uma realidade estranha é conhecida em meio de sonhos, / estrelas pulsam em um chão longínquo. / até quando irei amar o vago, o nada?’
Nada de alegria ou amor. / Quando vai-se o sol, os corpos que se juntam não se amam. / O senhor sabe quantos anos ela tem? / Não te importa... / O senhor sabe quantos sonhos ela tem? / Não te importa... Não é o teu mundo.
‘Meu mundo distante, além, / muito além de onde nasce o sol. / Quisera alucinados visionários serem poetas.’
Poetas já não falam mais. / Sua luz e seu mistério se perderam muito além do sol. / Longínquo... Longínquo... / O palhaço e o louco, / o menino e a menina, / ‘O segredo das estrelas’ se perderam em sua ganância. / Nossa infância e sua infância, / nosso corpo, o seu corpo. / Nosso espelho...
Sobre os poetas... / ‘Possuir o poder de expressar a “luz e o mistério”. / Enquanto não o são, / contentam-se em vagar sobre as estrelas’
E contentam-se em sonhar sob suas mazelas. / E contentam-se em viver em sua luxúria podre, / pobre luxúria.”
Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!
“Algumas vezes, os olhos não enxergam as estrelas / Quando elas brilham, não sei se brilham os seus olhos. / Como poderemos conhecer, assim, seus segredos? / Não conheço seus brinquedos. / Como brincam, se não têm tempo para brincar? / O chão longínquo do céu, seus sonhos perdidos ao léu. / Tão real...
‘Uma realidade estranha é conhecida em meio de sonhos, / estrelas pulsam em um chão longínquo. / até quando irei amar o vago, o nada?’
Nada de alegria ou amor. / Quando vai-se o sol, os corpos que se juntam não se amam. / O senhor sabe quantos anos ela tem? / Não te importa... / O senhor sabe quantos sonhos ela tem? / Não te importa... Não é o teu mundo.
‘Meu mundo distante, além, / muito além de onde nasce o sol. / Quisera alucinados visionários serem poetas.’
Poetas já não falam mais. / Sua luz e seu mistério se perderam muito além do sol. / Longínquo... Longínquo... / O palhaço e o louco, / o menino e a menina, / ‘O segredo das estrelas’ se perderam em sua ganância. / Nossa infância e sua infância, / nosso corpo, o seu corpo. / Nosso espelho...
Sobre os poetas... / ‘Possuir o poder de expressar a “luz e o mistério”. / Enquanto não o são, / contentam-se em vagar sobre as estrelas’
E contentam-se em sonhar sob suas mazelas. / E contentam-se em viver em sua luxúria podre, / pobre luxúria.”
Venham todos! Venham todas!
Vida Longa!
Marcelo "Russo" Ferreira
Querido Marcelo,
ResponderExcluirO que dizer do encanto dos palhaços. Eles são maravilhosos!! Se transformam corporalmente para brincar com a vida, com as dores e alegrias. Amei a música, logo quero poder ouví-la, mas já comecei a imaginar sua harmonia.
Um beijo
Lucília
CARO RUSSO, MELLANCOLIA E SORRISOS AO LER TUAS PALAVRAS. LEMBREI-ME DO TEMPO DE ESEF NO QUAL TÍNHAMOS UMA FUNÇÃO: DIVERTIR ÀQUELAS CRIANÇAS QUE PODERIAM NÃO CHEGAR A SE DELICIAR COM UMA PRÓXIMA FESTA, POIS CADA DIA PODERIA SER O ÚLTIMO. "RECORDA-TE DO HOMEM QUE IRIA VIRAR GATO, OU MELHOR, VIRAR O GATO."HA,HA,HA.. PEQUENO ESFORÇO PRA TÃO GRANDE RESPONSABILIDADE COM ELAS. FAZER SORRIR SEM SE FAZER SORRIR É UM EXERCÍCIO DE GRANDE DISCIPLINA E TOTAL AUTRUISMO. PORTANTO, SALVE, SALVE OS QUERIDOS PALHAÇOS. DE TODOS OS CIRCOS: OS SEM FUTURO, OS SEM LONA ... ATÉ OS COM AR CONDICIONADO POIS ELES FAZEM CRIANÇAS SORRIREM. E ISTO POR SI SÓ JÁ BASTA.
ResponderExcluirTEU MANO ALEXS BRITTO
Amei, pra variar...
ResponderExcluirE já tô na fila do gargarejo para o lançamento do CD... Quero - o dedicado! Um sorriso e um beijo em teu coração.
Maris.