“O amor tem quatro letras,
e por certo, quatro patas”
(Bráulio Bessa)
Desde pequeno, havia em mim uma relação
curiosa com cães. Na adolescência, tive a Dolly e, anos depois, descobri que
ela me tinha como o líder da matilha que partilhávamos. E passei a ver minha relação
com esses seres de quatro patas desta maneira... e em respeito a eles.
Desde 2005, inicialmente Janis Joplin
e, um ano depois, quando Hércules e Kaia, chegaram em minha vida, retomei essas lições. E partilhamos muita
coisa, até os tempos de distanciamento (durante meu doutorado). Janis partiu primeiro e menos de um ano
depois, foi Hércules que seguiu outros caminhos.
Imaginei que Kaia pudesse
entristecer com a partida de seu irmão... e eis que, mais uma vez, uma nova (e
mesma) lição: ela estava em sua matilha, e confiava no líder dela. E assim,
Kaia seguiu por mais dois anos e meio... com um pouco mais de paciência do
tempo e da natureza, poderia ter debutado.
Foram 14 anos e uns cadinhos desta
convivência e, por sua longevidade, a que me proporcionou inúmeras histórias:
um susto quando filhota (e sua primeira transfusão de sangue), um senso de
território forte e, portanto, de proteção de sua “matilha” (que os homens
resolveram chamar de família), um carinho pelas pessoas que sempre passaram por
nossa casa, a companhia constante (e teimosa) nos períodos mais trabalhosos e
cansativos da escrita da tese e suas diárias lições de humanidade. Para minha
própria humanidade.
E assim fomos seguindo...
... desde pequena!
Com Hércules e Janis, foram longos
anos...
E seguimos, com Hércules e Kaia
sempre juntos...
... até quando “viravam” pantufas”.
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Em tese, Kaia e Hércules, pela ordem. |
Os períodos de estudos...
... e também de descanso.
E um dos principais exercícios que
ela me ensinou: o cuidado com a chegada de “gente” nova no pedaço. E eis que Nadejda
Krupskaia (Kaia) e León Trotsky se reencontram...
... e convivem...
E convivem comigo.
Até na despedida!
...
e com a pitada da leveza que procura formas de agradecer...
Preparar Kaia para partir foi um
profundo ato de agradecimento: um leve banho, de manhã cedo. O ato procurar
um lugar para enterra-la, escolher um lugar aconchegante, envolto em árvores e preparar o local. Receber o veterinário (Léo, que
acompanhou Kaia desde minha chegada em Castanhal)... e a sensação de que na
anestesia, ela já havia partido.
Despedir-se e levá-la ao seu último pouso (envolvida em um pano vermelho,
claro) e agradecer...
... difícil, mas singela forma de agradecer por estes 14 anos.
Minha gratidão à Kaia.
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Uma foto com resolução ruim... mas extremamente representativa. |
Lá vai Kaia.
Viva Kaia!