RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Escutei por aí... Dom La Nena...

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“Meu processo criativo
começa na rua.
Eu sou Criola”
(Criola... brasileira, grafiteria, feminista).



Faz alguns dias, em meio a estes tempos que insistem em ser tempestuosos (e, parece-nos, assim continuarão) que assisti ao curta abaixo. Infelizmente, não conseguimos baixar o vídeo.

https://vimeo.com/160036002Criola – Sesc Palladium.

Ainda não descobrimos Criola. Tem um coletivo no Rio de Janeiro, que é dirigido por mulheres negras, em defesa e luta pela promoção de direitos das mulheres negras.
Claro, não vamos negar que trata-se de uma luta mais do que justa, ainda que desigual, numa sociedade hierarquicamente branca e machista (pra ficar só no branca e machista) e com um nível de fascismos e expressões de toda ordem preconceituosa se espalhando Brasil e mundo afora. Mas, ainda entendemos que a melhor luta é aquela que em no seu horizonte a emancipação humana e que as lutas por direitos numa sociedade de classes é, portanto, tático. Não é pouco.
Mas, ao assistir a arte de Criola, neste vídeo, nós sempre temos uma tendência a “observar” o que está musicado. E, um pouco antes da segunda metade do curta, começamos a escutar uma canção gostosa, batucada, daquelas que qualquer caixinha de fósforo nas mãos rapidamente vira instrumento de percussão.

“Na minha pele, minha cor.
No meu sorriso nasce flor.
Minha alma está no teu tambor.
Ao longe vibro ao teu fervor.
Batuque brasileiro, na roda tem pandeiro
Bate meu coração no ritmo da canção”

Nos créditos desta canção: Dom La Nena...



E eis que vou buscar esta “novidade” que já tem estrada sólida na música mundial. Coisas que só a nossa idiotizante indústria musical proporciona: artistas fantásticos, reconhecidos, com um trabalho incrível... e anônimos ao grande público.
Dom La Nena, nome artístico da jovem Dominique Pinto, 26 anos. Uma gaúcha fora do país com um violoncelo, uma voz de menina e canções simples.
– Traduz “canções simples”, Russo (Strovézio).
– É simples, Strovézio... são canções completas, com letras com conteúdo. Mesmo o conteúdo mais simples como “La Lena Soy yo” (ou, La Lena sou eu).
– Aaaaaahhhhh...!!!! Então não estamos falando dos refrões vazios que viram hits por essas e outras terras, certo?
– Certíssimo...
Aliás, é meio por isso que começamos esta viagem que NÃO É CRÍTICA MUSICAL. É apenas dividir com nosso pequeno mas estimado público, neste picadeiro de terra batida e lona furada de circo coisas que “escutei por aí...”. E que achamos tão massa, que não queremos guardar em nosso HD para dizer “eu tenho, você não tem!”.
A Música, a cultura expressa nas melodias, notas, canções, cantorias não é patrimônio privado de seu-ninguém, ainda que tenhamos que conviver com coisas bem estranhas, como “Direitos Autorais” – que podem ser comprados e vendidos – e Ordem dos Músicos do Brasil.
Não sabemos se Dom La Nena aceitaria o convite pra vir tocar aqui em nosso picadeiro. Um espaço que meche com o tempo de nosso aprendizado de Lutadores do Povo.
Mas, o convite está lançado a ela.
Ao nosso público e nossos artistas, apresentamos Dom La Nena... Mais uma coisa bacanérrima que escutei por aí.

Dom La Nena... Ela e Danças Ocultas.



Venham Todos!
Venham Todas!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

The Day After...




“(...) A grande paciência do tempo, e outra, não menor, do dinheiro, que, tirante o homem, é a mais constante de todas as medidas, mesmo com as estações variando. De cada vez, sabemos, foi o homem comprado e vendido. Cada século teve seu dinheiro, cada reino o seu homem para comprar e vender por morabitinos, marcos de ouro e prata, reais, dobras, cruzados, réis, e dobrões, e florins de fora. Volátil metal vário, aéreo como o espírito da flor ou o espírito do vinho: o dinheiro sobe, só para subir tem asas, não para descer. O lugar do dinheiro é um céu, um alto lugar onde os santos mudam de nome quanto vem a ter de ser, mas o latifúndio não” 
(Saramago, Levando do Chão).


O Latifúndio não...
A Igreja não...
O Banco não...

Não as grandes corporações do Capital...

E não o nosso Congresso...

Não será, este texto, uma construção de palavras em defesa do Governo.
Entendo-o em sua totalidade.
Se é verdade que não tem crime comprovado que justifique o instituto jurídico do impeachment (e, no tanto que domínio deste tema, ainda me coloco no campo de “não há!”), também é verdade o já dito em textos recentes: o Governo Dilma atua em favor do Capital, contra a Classe Trabalhadora e, também, inclinada a manter as políticas de corte neoliberal.
Para este humilde picadeiro de terra batida e lona furada de circo, não se trata de meramente cravar o termo “democracia” no limite de um lado ou outro de um Muro. Se trata de dizer, também, em favor de quem e como se caminhará na direção de uma verdadeira emancipação humana.
Mas, acompanhamos com certo ar de preocupação que ia além do que estava em jogo (a democracia representativa e presidencial brasileira), o mandato da presidente Dilma.
O que nos preocupava era o resultado da melhor demonstração, um a um dos deputados e deputadas, do que era este Parlamento. Nós teríamos a melhor oportunidade para saber no que estamos metidos no Congresso Brasileiro. E foi revelador.

Mas não era apenas isso. A história reservou para que tudo acontecesse num 17 de abril. E não era qualquer 17 de abril.
Neste 17 de abril, a história se repete... E, desta vez, pontualmente, à luz de Marx, como farsa.

A tragédia: 17 de abril de 1996.

Monumento em Homenagem aos Trabalhadores Sem Terra - Eldorado dos Carajás
Foram 19 Sem Terras assassinados brutalmente em Carajás, com ordem do Governador do Pará (Almir Gabriel) e ciência do Presidente da República (Fernando Henrique Cardoso)... ambos reeleitos após este mandato com sangue nas mãos.
As investigações – depois de muitos rumores de que havia sido os Sem Terras que teriam simples e loucamente avançando na PM – demonstraram que foi assassinato coletivo, frio e com a orientação de reprimir ou reprimir. Deu no que deu.
De um lado, mortos e feridos...
De outro, a convicção de que seria apenas mais um massacre do Estado contra o povo pobre e excluído que, assim como os anteriores, contariam com o silencio da mídia e da memória.
Passaram-se 20 anos, e voltamos ao mesmo dia. E a tragédia se transforma e farsa.

A farsa: 17 de abril de 2016.
Um Congresso Nacional sujo e corrupto... e todo mundo sabe/acha isso.
Um Congresso Nacional dos piores de nossa história... e todo mundo sabe/acha isso...
Um Congresso Nacional dos mais conservadores, com o que há de pior na representação do armamento civil, da Igreja (que insiste em implantar um Estado Cristão), do latifundiário e outros tantos asseclas da vida pública.
A farsa se repete com as falas em defesa do que não está sendo julgado.
Em nome de Deus, muita morte, assaltos, privações já se escreveu na história da humanidade.
Em nome da família, da própria família, nada representa os votos recebidos para seu mandato.
Em nome do combate a corrupção já é sabido do quão hipócrita é essa manifestação.


De resto, não gostar da Presidenta, pelo futuro, pelas criancinhas, pela oração, beijinhos pra mãe, tia e papagaio... Teve Deputado que pagava seus funcionários domésticos com salário da Câmara, enaltecimentos à “República de Curitiba” e, um dos mais impressionantes manifestos de hipocrisia:
“(...) pelo meu Estado de São Paulo, governado a 20 anos por políticos honestos do meu partido de um deputado tucano paulista (não vou fazer propaganda gratuita pra esse aí).
E não vou deixar de me inclinar a lembrar que, também, há entre os que disseram “não”, quem esteja com as mãos sujas. Ainda que em número proporcionalmente menor.
Ademais e em síntese, algumas horas de dor no estômago e uma certa vergonha ao testemunhar, um a um (faltaram dois), 367 Deputados/as que, em sua maioria, pareciam mais estar participando do quadro “Se vira nos 30” e os papagaios de pirata ao lado do microfone onde era proferido o voto.
Isso tudo em cadeia nacional e plateia internacional.
E há um bom candidato.

Deputado Federal Wladimir Costa - representação do lixo político paraense
Mas, quando vemos homenagens a Torturadores, como “sombra” dos que ainda estão vivos (não apenas a presidenta), ou dos que não estão mais entre nós, mas com familiares e amigos vivos e em dor. Quando a celebração da tortura para defender um voto (e o povo que vibra) se manifesta, há algo realmente estranho no ar.

– Estou indignado, Russo! (Strovézio).
– Oxi, e por que Strovézio?
– Achei um absurdo a atitude do Deputado Jean Willys, quando cuspiu no Bolsonaro.
– Como assim, meu caro? Por que essa indignação?
– Sinceramente? Uma coisa eu não perdoo: ter errado a pontaria.

Não nos iludíamos muito com o resultado (e se fosse o contrário, também não iríamos nos iludir).
Para a juventude que não sabe como é uma Eleição Indireta, espero que tenham entendido a lição.
Mas a ilusão está se tornando hegemônico... E quando isso acontece, a história da humanidade já nos deu lições mais do que suficientes.



Venham Todos!

Venham Todas!

domingo, 17 de abril de 2016

Ato III - O Muro...


“Eu não preciso de braços ao meu redor.
 E eu não preciso de drogas para me acalmar.
 Eu vi os escritos no muro.
 Não pense que preciso de algo, absolutamente.
 Não! Não pense que eu preciso de alguma coisa afinal.
 Tudo era apenas um tijolo no muro.
 Todos são somente tijolos na parede”
 (Another Brick in the Wall – III)

Quando adolescente, a primeira vez que tive em mãos o LP (sim, sou deste tempo) do histórico Pink Floyd, foi justamente o trabalho “The Wall”.
O Trabalho era de 1979. Eu só escutei pelas bandas de 1986. Muitas traduções poderiam ser construídas deste trabalho, até mesmo alusões à Guerra Fria. Mas, a Ópera Rock apresentada por essa banda de rock progressivo versava sobre uma pessoa (a personagem Pink), sua história e os muros em torno delas (personagem e história).
Durante aqueles tempos, parece-me que o único muro que existia na humanidade (mesmo com a existência da Muralha da China) era o Muro de Berlin que separava a Alemanha Capitalista da Alemanha Socialista.
Diz a lenda que após este muro ter caído, os muros acabaram... Ledo (e pouco informado) engano... Israel com a Palestina, EUA com o México, além do que vem acontecendo em alguns países europeus em relação aos refugiados das guerras e conflitos que a Europa mesmo investiu são as expressões modernas dos muros e, na opinião deste pequeno espaço, são mais vergonhosas que aquela imagem da Guerra Fria.
Também próximo a aquele 1979 – um ano depois, na verdade – mudava-me para minha última residência em São Paulo (antes de minha ida ao Nordeste) e conhecia o muro de casa, para com a casa dos vizinhos, o saudoso Seu Oswaldo e Dona Nenê. E, do outro lado do muro, um pé de jabuticaba. Um pé RE-PLE-TO de jabuticaba.
E eu pulei meu primeiro muro.

Há poemas sobre Muros...
Há quem prefira as portas e as janelas...
Talvez, muros em que possamos nos sentar e conversar sejam, também, tão bons, quanto janelas e portas abertas.

Mas, sabe como é o bicho-homem, né?
Em nome de um sem número de valores (e suas práticas vazias e hipócritas) fazem daquilo que historicamente criam e transformam em expressões de sua “bicho-desumanização”.

Hoje (e por esses dias), um muro foi planejado, construído e protegido.
Um muro que vem ratificar que existe uma divisão e, portanto, insistir-se-á em confirma-lo e abençoa-lo.
De um lado a Igreja, de outro o Teatro...
De um lado o Parque, de outro o Estádio de Futebol...
De um lado (longe) o aeroporto, de outro (longe também) a rodoviária...
De um lado o sul, de outro o norte...
No centro o Estado...
De ambos os lados, homens, mulheres, idosos, crianças... Todos/as eles de Igreja, Teatro, Parque, Futebol, Avião, ônibus, sul, norte, leste, oeste.
Divididos.

Não se namora por causa do muro?


Não se brinca por causa do muro?


Não se ama por causa do muro?




Pois bom...
Já falamos umas tantas coisas por aqui. E acredite, sabemos das críticas acerca de nossas palavras e reflexões.
Não tem a mínima possibilidade de nos alinharmos com a sujeira e a hipocrisia vestida de verde e amarelo (e suas camisas de futebol) e que clamam o fim da corrupção pelas mãos do conluio-mór da corrupção do Estado Brasileiro. A explícita e acomunada manifestação do que há de pior da burguesia à brasileira (se é que existe algo de bom nela).
Não tem a mínima possibilidade de nos alinharmos a um governo que nem na pressão do capital por sua guilhotina e nem no apoio dos Movimentos Sociais ainda sequer ensaia voltar suas ações verdadeiramente para a esquerda. A manifestação, à bem da verdade, de manter-se em acordos de governabilidade com a mesma burguesia.
Mas, aqui, reconhecemos um mérito: diferente do primeiro que não faz um único reconhecimento, nem de uma “mancadinha” sequer (e mantém ilustrada sua cara de pau), o segundo pelo menos reconhece que existe uma oposição que não apoia sua derrubada, mas que cobra mudanças.
Afora isso...

Deste Congresso Nacional, deste processo de decisão político-partidária e suas relações com Mídia (e suas seis famílias), desta Justiça (e suas bases elitistas e autofágicas), deste estado e sua subserviência com o capital internacional e sua ânsia em continuar destruindo para acumular entesouramentos... Não daria para pedir sequer sabedoria.

Mas a imagem da sabedoria continua a nos inspirar a vida.



Que sobreviva, pelo menos, a humanidade.
Sobreviva ao que há de pior além do golpe.
Sobreviva ao que há de ingênuo ao dominó caindo.
Sobreviva a ideia de um comunista que construiu uma cidade sem muros.

Venham Todos!
Venham Todas!

            

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Ato II - O Dominó (ou sua farsa)

http://lourimarborges.blogspot.com



“Cai o rei de Espadas/
 Cai o rei de Ouros/
 Cai o rei de Paus/
 Cai, não fica nada”... ou fica?
(Cartomante – Ivan Lins)


Ao final do Primeiro Ato, quando manifestávamos que o que vem por aí não nos parece um golpe, mas algo muito pior do que isso, anunciávamos o que seria o Segundo Ato.

Ato II – O Dominó (ou sua farsa)

No filme V de Vingança há algumas cenas que considero fantásticas. Dentre elas, a cena abaixo:


A retórica desta cena é simples: após ir derrubando um a um os membros fascistas, assassinos e corruptos do Governo do alto chanceler Adam Sutler (uma espécie caricata estilo Eduardo Cunha – mas sem óleo de peroba), V está prestes a ter seu 05 de novembro acontecendo de fato, com a explosão do Parlamento Inglês, como a festejar a queda dos últimos vilões daquele mesmo governo.
Assim, a cena indica, pelo movimento final, que cairão todos os dominós... Mas um ficará de pé... e ficou.
Mas, reparem que ao final da cena, ele recolhe o dominó. Este, voltará a aparecer no metrô (num vagão, quase no final do filme), que seguirá para o Parlamento. Assim, deixa um espectro de entendimento de que V, também, faz parte da carreira de dominós que vão caindo, um a um. Um bom espectro de herói (pena que muitos dos que usam a Máscara de Guy Fawkes não entendem).
Pois bom...

Essa é a alusão que venho percebendo ser expressa constantemente por inúmeros cidadãos (não vou entrar na lógica maluca de qualifica-los de bem ou não) acerca do que estamos falando desde sempre e, em particular, nestes Atos:
(i) a de que já estão sendo derrubados algumas peças deste dominó;
(ii) que o impeachment (para uns) / golpe (para outros) será mais uma destas peças e;
(iii) da mesma maneira que a pressão “espontânea” dos brasileiros “espontâneos” fizeram-no acontecer, continuarão vigilantes com as outras peças, que cairão como uma “carreira de dominós”... espontaneamente.
Ops... continuarão vigilantes?

Dizia Marx que “a história se repete a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Este picadeiro de terra batida, à bem da verdade (e das tantas histórias que cercam este momento no país) seria irresponsável se tentasse indicar quando a história aconteceu, quando se fez tragédia e quando se repetiu como farsa.

– Aposto os cachos de cabelo deste apresentador que ninguém o consegue! (Palhaço)
– Pow, Strovézio! Aposta seu nariz de palhaço, aí!
– Mas, reconheça... Se apostar seus cachos, vai ter mais apostador aqui no Universal Circo Crítico do que o Bolão do Impeachment que os Deputados estão fazendo no horário de trabalho, com dinheiro público e com coisa séria (Palhaço).
– Hummmm... vou pensar!

Mas, no final das contas, o que estamos a ver hoje e, em tese, a findar-se no próximo domingo (como achávamos que outros “findar-se” aconteceriam depois das eleições de 2014), está se repetindo muito depois e além da farsa.
A farsa do discurso de defesa do país, dos brasileiros e da justiça.
A farsa do discurso do combate à corrupção, à roubalheira nunca vista neste país (tá então...).
A farsa do discurso da defesa dos direitos dos trabalhadores, dos camponeses, dos moradores da periferia (sua juventude, principalmente), dos indígenas, dos LGBTTs e de tantos outros segmentos que, dia-a-dia, vão perdendo mais e mais direitos, até o da própria vida.
A farsa do discurso de “nós contra eles”, de dois lados (e um muro dividindo-os, separando-os, protegendo-os) que querem países diferentes – em que pese defenderem diferentes que fazem a mesma coisa.
A farsa do discurso de “Minha Bandeira Jamais Será Vermelha” e “Minha Bandeira É Verde e Amarela e Meu Coração É Vermelho”.
A farsa do Dominó que continuará derrubando todos os corruptos:
http://pt.dreamstime.com

Rosa Luxemburgo, me sugere que, depois que a história se repetiu como farsa, se repetirá como Barbárie, quando nos dizia “Socialismo ou Barbárie!”.
E, sinceramente, parece-me já estar se repetindo nos já ditos por essas bandas: fundamentalismos religiosos à brasileira, machismo explícito, ideologias à esquerda como crime, violência às minorias, silêncio e indignação zero à morte dos que não tem sua história registrada nos livros oficiais e outras tuias de expressões.
O Dominó está caindo, mas não chegará até a última peça. Nem perto dela.
O “V” desta nossa história não é Herói, nem é honrado. Não é sujeito apenas de carne e osso. Tem sua própria justiça corporativa, elitizada, rica (e entesourada) e poderosa.
Aconteça o que acontecer no domingo, com a Barbárie à espreita, as palavras do então jovem Ivan Lins, que nos saudaram neste Segundo Ato, parecem-me valiosas. Não arriscaríamos colocar todas as “visões” da sua cartomante. Até porque, são tempos em que os bares, os amigos, a praça, falar da vida e botar o dedo na ferida sempre se fará presente. Mais do que nunca, franca e fraternalmente (para quem consegue).
Mas, ainda assim, “Nos dias de hoje é bom que se proteja”.

Algo muito pior do que um Golpe, algo muito além do que uma farsa...
E ainda colocam um Muro... o Ato III

Venham Todos!
Venham Todas!


terça-feira, 12 de abril de 2016

Ato I - O Golpe...

           “Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...”
(Quase – Mario de Sá-Carneiro)

O ambiente político (social, econômico, policial, midiático, jurídico e o escambal) brasileiro hoje chega a um estado da arte tão complexo, que, claro, para um picadeiro de terra batida e lona furada, até fica difícil acompanhar e manifestar alguma coisa mais organizada.
Mesmo com os nossos limites (e a atenção a nossa mania de prolixidade), mas com nosso olhar atento, mesmo com o pouco alcance que este espaço tem (em meio a tantos blogs sérios de um lado, e estúpidos – mas populares – de outro), ainda assim, tentamos organizar um pouco nossas ideias.
O nosso público é pequeno, também o sabemos. Mas é com ele quem dialogamos. Assim, a ideia de pensarmos nossas reflexões em “Atos”, além da alusão ao perfil lúdico deste blog, também é uma forma de ajustar nossas reflexões e, de repente, ter nestes poucos uma possibilidade de ampliar o nosso público.

Ato I – O Golpe:


O Golpe, para nós que somos da Educação Física, é considerado – dentre outras possibilidades – como aquele gesto construído em um particular domínio técnico, muito próprio das Artes Marciais e, talvez também, da Capoeira. Mas, fiquemos na primeira.
Trata-se, no final ao cabo, de um ato específico e pontual de uma prática social, construída em combate (acho que podemos usar este termo aqui, sem crise). Este combate se dá de maneira direta e tática entre duas pessoas, no tatame, e que estabelecem os caminhos para usufruir taticamente das possibilidades de aplicar um golpe.
Portanto, um oponente, claro, é necessário. Ainda que nas artes marciais também existam os “combates invisíveis” – o Kata – até este é construído se identificando a “presença” do opositor. De qualquer maneira, entra-se no tatame para lutar COM o outro.
Assim entendido, o golpe não é artimanhoso.
O golpe não é construído no escuro. Até o Kata é uma luta às claras.
O golpe não é, principalmente, desonesto, desvirtuoso ou indigno. Quando o é, mesmo que o “golpeador” saia vitorioso, fica desmoralizado perante o oponente e perante aqueles que acompanham o combate.
Claro, não somos ingênuos. Haverá próximo a este “golpeador” quem o admire e o tome como modelo, como espelho do desejo daquilo que um dia pretende ser.

– Batedores de Panela, usuários da camisa da CBF em atos contra a corrupção, defensores da Intervenção Militar e outra tuia de gente... (Palhaço).
– Esses, com certeza, Strovézio.

Mas, para nós, o principal é que o Golpe pode existir... mas dentro destes limites.
Daí nossa tese provocativa. Realmente, o que está acontecendo no atual cenário de impeachment, NÃO É GOLPE... e não o é, porque o que está acontecendo não é honesto, nem virtuoso, muito menos digno, o que dizer justo. O que está acontecendo é MUITO PIOR.
Claro, não queremos aqui diminuir o tamanho das bandeiras que clamam “Não vai ter Golpe!”. Não é o nosso caso, aqui.
Aqui, é preciso registrar: não apoiamos este governo. O não o fazemos, não por conta do blá-blá-blá do discurso hipócrita de estelionato eleitoral. Oras: se um candidato se lança a tal, prometendo vida melhor a todos, e quando assume, só privilegia parte (pequena) da sociedade, então, isso seria estelionato eleitoral.

– Posso explicar? (Palhaço)
– Diz aí, Strovézio...
– “Se eu for eleito, trabalharei para a melhoria da Educação, da Saúde e da Segurança Pública. Essas serão minhas grandes prioridades. E também enfrentaremos o desemprego que assola o nosso país!”
– Ok, Strovézio... daí o cabra é eleito.. Que acontece?
– Na Educação, abre as portas para a gestão privada, diminui o número de salas, contrata professores ao invés de concurso público, arrocha os salários dos professores, e DESVIA DINHEIRO DA MERENDA... Na saúde, privatiza os serviços de primeiro atendimento, estabelece convênios com a Rede Privada de Saúde para cobrança de taxas, arrocha os salários dos profissionais da saúde e desvia dinheiro de ambulância e remédios... Na segurança pública, desce a porrada na juventude negra, pobre, periférica... e avança da perda de direitos trabalhistas.

– Isso também é estelionato eleitoral. Tanto quanto dizer que irá defender os direitos dos trabalhadores e ataca-los.
Pois bom.
Somos contra o governo porque, à bem da verdade, vem aplicando as mesmas políticas estilo “Plano Temer”, “Plano Levy” (ops! Era Plano do Governo), “Plano Agenda Brasil” do Senador Renan Calheiros, Plano MBL/#VemPraRua/RevoltadosOnLine... a única diferença é a velocidade deste processo.
Entretanto, já dissemos aqui, não estamos do lado destes oportunistas acima. Para nós, expressam exatamente o antagônico do Projeto de Sociedade e de Humanidade que acreditamos. Representam o que há de mais grotesco e perigoso nos fascistas que estão saindo do armário.

O Impeachment da Presidenta é para acabar com a corrupção?
Oras, me poupem. Este discurso faz com que o Pai dos Burros tenha que rever o significado da palavra hipocrisia, porque nem ela dá conta, hoje, de explicar esta postura pra lá de oportunista.
O Impeachment da Presidenta é para afastá-la do governo que está desorientado? Que está levando o país a uma profunda crise econômica?

– Ó, Pai dos Burros! Perdoem... eles não sabem o que estão fazendo com as palavras hipocrisia e idiotice (Strovézio).


O Golpe....
Poderíamos, à luz do que dissemos no começo, dizer que quem está dando o golpe, tático, observando o opositor no tatame, não é esta oposição oportunista. Arriscaria dizer que é o próprio governo.
Nas regras do tatame (as regras que os donos do tatame definiram), em combate COM os Trabalhadores e seus direitos tomados, os Campesinos e sua Reforma Agrária parada, os Indígenas e suas terras banhadas de sangue, os Professores e a Educação Pública privatizando-se, os golpes estão sendo dados dia-a-dia, enquanto o cenário midiático, jurídico, político, empresarial e o escambal vai fazendo pior.

Mas no tatame não existem golpistas.
E, sim, não há dúvidas: o tal “impeachment” é meramente político. Política é poder e quem o faz, se faz como golpista. Quando o golpe é dado pelas costas, com violência, com insanidade...

Mas falamos apenas do Ato I...

O Ato II? A farsa do Dominó...

Venham Todos!
Venham Todas!