RESPEITÁVEL PÚBLICO!

VENHAM TODOS! VENHAM TODAS!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Conversa ao pé de ouvido de Henrique...




"As nações marcham 
para sua grandeza 
ao mesmo passo que 
avança sua educação."
(Simon Bolívar)


 
            Salve, Salve, pequeno Henrique, nosso Pequeno Príncipe Poderoso e Senhor da Pátria. Chegas com o nosso propósito: “Pátria Livre!” e em um dia especial. Sempre o é, mas, o nosso picadeiro, nossos artistas e nosso público celebram sua chegada de maneira especial, pois é hoje, exatamente hoje que nós saudamos sua chegada.
            Esse dia 05 de julho parece que foi, digamos, milimetricamente calculado. Bom, considerando que vens filho de Lilian e de Assunção, irmão de Heitor José, é claro que seria assim... perfeito. Nasceste em Dia de Angus Mac Og que, na mitologia grega, era deus da juventude e da beleza. Juventude e beleza, para nós, pequeno Henrique, é o que temos de precioso e coletivo. Nossos amigos, nossa amizade, nossos amor pelos Lutadores e Lutadoras do Povo, pelos que lutam conosco, nossa luta é sempre jovem, é sempre bela. E não negamos a velhice ou a feiúra, pois também lutamos por sermos velhos, e lutamos por sermos, aos olhos da burguesia, feios.
            Portanto, Pequeno Grande Henrique, nosso mais novo Pequeno Lutador do Povo, fazemos exatamente hoje, nossa pequena viagem de lições, como sempre fizemos até hoje com todos os seus e suas, outros e outras, irmãos e irmãs Pequenos/as Lutadores/as do Povo.
O dia 05 de julho é um dia que nossos camaradas bolivarianos da Venezuela celebram também, pois não foi apenas neste dia, em 1811, que este país e seu povo se tornou independente, mas foi o primeiro a fazê-lo. É verdade que se tratou de uma luta que durou cerca de 10 anos, consolidando a sua independência apenas em 1921. O grande personagem foi Simon Bolívar, e que teve sua justa homenagem feita pelo povo venezuelano: República Bolivariana da Venezuela.
A história dos Lutadores do Povo é realmente entusiasta, Pequeno Henrique. Nosso público (ainda que não totalmente) e nossos artistas não apenas sabem, mas o tempo todo se fazem presentes, com força e luta, dessa história. E, claro, Seus pais também estão presentes nela. Assim, Pequeno Henrique, nossa primeira lição para ti: nunca desista de suas lutas, por mais que saibas (ou não) que serão longas. E Lutas sempre são longas, assim como suas conquistas.

18 de Copacabana

A história do Brasil também nos traz alguns fatos interessantes que, é verdade, precisam ser bem estudados e compreendidos. Esse apresentador reconhece que tem seus limites. Mas, como não citar dois “5 de julho”, em 1922 e 1924, extremamente ligados? Em 1922, neste dia, a história registra o Levante dos 18 do Forte de Copacabana... Bom, eram 301 revolucionários, entre civis e militares (esses, os chamados de “Baixa batente”, porque as altas batentes, noutros e nestes nossos tempos atuais, sempre se acovardam e apenas mandam seus soldados ao front), mas até o fim, firmes em seus propósitos (bem revolucionários, à época) de acabar com o governo oligárquico e latifundiário em nosso país, aqueles 18 merecem um lugar de honra na história de nosso país. Dois anos depois, em 1924, outro levante revolucionário, desta vez em terras paulistas (São Paulo), culminaria na história Coluna Prestes.

Coluna Prestes

Dessas pequenas e importantes passagens brasileiras, não únicas, mas presentes até hoje (digamos que a tal “Comissão da Verdade” tenha uma certa herança também desses fatos), tiramos nossa segunda lição, e que acompanha a lição anterior: lutas são longas, e a história sempre nos diz com a certeza de um Lutador do Povo, contra quem lutamos, Pequeno Henrique. E, principalmente, por quem lutamos.
Como sempre, Pequeno Henrique, pessoas nasceram (e até ovelhas - Dolly), pessoas morreram em um 5 de julho. Cidades foram criadas, países ficaram independentes. Mas, da nossa parte, fazemos apenas duas menções.
A primeira, ha!, a primeira, é musical. Vais formar uma banda de rock (ou outro estilo, não tem que ser rock) com seu irmão Heitor, certo? E se precisarem de uma, digamos, inspiração, que tal Daniel Gildenlöw, guitarrista e vocalista de Paint of Salvation? E segura o “gogó”, meu Pequeno Lutador do Povo. É uma banda de metal-progressivo e sueca. Quem disse que só americano sabe fazer rock?  E veja, bandas de rock falam de muita coisa, algumas até bobas, mais p’ra rolar o som e “balançar a cabeça”. Mas Paint of Salvation também cantaram contra o imperialismo: Podia ter sido bom, América / Podia ter sido ótimo, América / Terra do bravo e do livre / Recebendo você e eu /Mas esse Admirável Mundo Novo não é mais tão novo / Cada dia uma nova loja / Cada ano uma nova guerra / Enquanto brancos escolhidos governam os pobres / Na América” (America). Portanto, Pequeno Henrique, que a música, a canção, a poesia, a literatura, a pintura, a dança estejam presentes em toda sua vida. A Arte é necessária, a cultura é necessária. Não vivemos sem ela.
Mas, agora sim, essa data foi, de-ci-di-da-men-te escolhida, Pequeno Henrique. E, em que pese eu ter certeza de ter sido uma escolha mútua, sua mãe foi determinante. Senão vejamos.
Em 5 de julho de 1957, j há 155 anos, nascia Clara Zetkin. Mais do que uma ativista, uma revolucionária em tempos dos “homens”, mas que naqueles tempos lutava pelo voto, pelo trabalho igual, salário igual e até pela igual divisão social do trabalho doméstico. Pode ver aí na sua futura casa: seu pai e seu irmão têm suas tarefas a cumprir. Hoje, isso é bonito. Mas há 155 anos? Nossa... que lutadora! Ainda hoje, por exemplo, só assistimos a debates conservadores e hipócritas sobre a questão da abolição da criminalização do aborto e ela, já naqueles tempos (em que mulheres não tinham qualquer direito legal), ela já ousava o seu tempo. Mas suas palavras ecoavam em nome da vida, em nome dos e das trabalhadoras: "A luta contra a guerra imperialista diz respeito a todos nós, pois trata-se da luta pela grande causa de nossa libertação. Essa luta somente poderá conquistar a vitória numa frente única de aço, nacional e internacional, de todos os trabalhadores"... Sábias palavras... ousadas palavras...
Assim, Pequeno Henrique, nossa última lição: ouse no seu tempo! A ousadia, já dizia Lenin, é o que dá sentido à vida. Ouse na arte, na música, na dança, na poesia, na pintura... Ouse na luta pelo direito dos pobres, dos pequenos, dos perseguidos, dos Sem Casa, Sem Terra, Sem Comida, Sem Esperança. Ouse na história que lhe guarda...
... assim como foram e são ousados seus pais.
... assim como foram e são ousados nossos artistas...
... assim como foram e são ousados nossos sonhos...

Seja bem vindo, Pequeno Henrique!
Vida Longa a Henrique!

Venham Todos!
Venham Todas!

Vida Longa!

Marcelo "Russo" Ferrreira


domingo, 1 de julho de 2012

Da arquibancada... Todos num só ritmo...


“Vamos jogar bola”???
(a interrogação é nossa)

            As coisas estão caminhando... Estádios (depois de implodidos) estão sendo construídos, campanhas publicitárias já começam a invadir (é, isso mesmo) nossos lares via “caixinha de fazer doido” (TV paga ou aberta), a Lei da Copa já é mais determinante de nossa soberania do que a Própria Constituição Federal brasileira e as lições da África do Sul passam longe de qualquer debate público decente, pelo menos aqueles que prescindem da presença e responsabilização do Estado brasileiro e os órgãos de governos.
            Nas cidades sedes da Copa e no Rio de Janeiro (que também receberá os Jogos Olímpicos de 2016) continuam desalojando-se... quer dizer, transferindo-se... melhor dizendo, expulsando-se moradores e moradoras, famílias e comunidades inteiras de seus lares (recebendo Ordem de Despejo com “0” – zero – dias para deixar suas casas, já falamos disso antes http://ouniversalcircocritico.blogspot.com.br/2011/04/deu-na-carta-capital-o-vale-tudo-das.html) para garantir a mobilidade daqueles que irão assistir aos eventos esportivos previstos. E isso tudo à sombra de uma questão legal dos próprios Megaeventos Esportivos, que é a consulta popular em todos os locais que os receberão, debatendo e decidindo publicamente os seus impactos sociais. E tudo isso seguindo o mote da Copa do Mundo recém tornado público pelo Governo Federal/Ministério do Esporte. Tudo isso acontece num só ritmo, e para garantir que tudo aconteça como o querem seus patrocinadores privados.
            Daí, nosso Picadeiro resolveu consultar nossos Mágicos e Palhaços, para entendermos o “Todos num só ritmo!”, a marca oficial da Copa do Mundo. Claro, nossa intenção com esses dois artistas não foi dispensar malabaristas, equilibristas, domadores de leões, os líderes de matilhas e seus cães entre outros tantos artistas. Foi só uma consulta aos palhaços (que sempre acabam rindo e brincando com tudo e todos) e aos mágicos (que tiram, literalmente, coelho da cartola para sobreviver).
            Com a palavra, os Palhaços:

Pode colorir...!
            “Vejam só, meus caros e sérios camaradas de Lona Circense. Isso não tem graça nenhuma. Aliás, falo em nome de meus piruetadores e o velho Calhambeque Cinca Chambó que sempre nos conduz, peidando barulhentamente, ao centro do picadeiro: isso, definitivamente, NÃO É UMA PALHAÇADA! Já não tinha graça nenhuma expulsar pessoas de suas casas para garantir um espetáculo (hummm...!) caro, em que os ingressos sociais (ai, que coisa antisocial) serão aqueles que nos colocam com péssima visão do que iremos assistir e longe dos banheiros. E a pipoca, certamente, será “salgada” hahaha! Agora, “Todos Num Só Ritmo”??? NÃO É UMA PIADA! É uma legitimação do que já existe, culturalmente, no país. Só se divulga, em comerciais de TV, músicas de fundo de novelas, matérias compradas em Jornais de âmbito local e nacional, em programas de auditório a mesma coisa: “Eu quero Tchú e Tcha com a mulherada louca no fundo da fiorino ou no banheiro, prá ninguém disconfiar”. Ai! assim nós “reboletion!”. Nós queremos cantar Circo Mágico e não mais acordamos com essa porcaria martelando nossos inconscientes. E temos certeza: esse povo de fora, com um oceano ou não no caminho, vai sair daqui achando que só temos o ritmo que aparece na mídia. E o pior, é que vai ter muita gente rindo disso tudo, e com os fundos cheio de dinheiro sujo... Agora, quem quer dar uma cheirada aqui nessa flor que eu to usando? Chuáááááááááá!”

            Com a palavra, o Mágico:

E aqui também...
            “Meus queridos e espantados público e colegas de picadeiro. È impressionante a modernidade do Ilusionismo, e não falo enquanto corrente filosófica. Falo de meus tutores de cartola, fantásticos ilusionistas que, lamentavelmente, começaram já a algumas décadas a ensinar malfeitores do esporte e da política a arte de iludir e esconder. E vou logo dizendo e registrando: abro e sigilo de minha cartola, de minhas mangas de camisas e a caixa de serrar mulheres ao meio (nunca consegui convencer minha sogra de experimentar esse truque... hahaha! Mágico contanto piada!) a quem quiser, pois, acreditem; NÃO TENHO NADA A ESCONDER! Precisamos fazer mágica para mostrarmos ao mundo todos os ritmos que este belo Circo canta, toca e dança??? Bom, se precisarmos, contarei todos os segredos de minha mágica, pois não há segredos na mágica de nossas músicas, de nossas danças, de nossos instrumentos, concordam? A propósito: alguém quer tirar uma carta?”

            E que nosso público e nossos artistas fiquem a vontade para manifestarem-se:

            Venham Todos!
            Venham Todas!

            Vida Longa!

Marcelo “Russo” Ferreira